sábado, 16 de fevereiro de 2013

MADHU GRANDE; mudança pequenininha...

Quando a gente acha que falta pouco pra terminar de arrumar o quarto de 1m96cm x 2m04cm, a gente volta na sala e tem mais umas 8 malas. Aff! E a terceira latinha de Skol (leia-se Ixcól!) também não tá facilitando as coisas...

"Meu nome é Kátia Flávia, a gotiva do Irajá, me escondi aqui em Copa..." 

Ou melhor dizendo, no Bairro Peixoto. 
Engraçado, me mudei tantas vezes que, cada vez que tô criando raízes, levanto vôo e aterriso em outro lugar. Tenho uma sensação de que meu lar ainda não é esse aqui, que tem alguma coisa ali, no horizonte, me esperando...

E depois dessa loucura da mudança - que vai longe! - me sinto como uma estranha na cidade em que moro. Às vezes tenho certeza que é porque eu não tenho ainda 1 ano de Rio, outras é porque nem mesmo a Porto Alegre eu pertencia. Hoje recebi um comentário especial sobre o post de ontem, e acho que contempla muito o que eu tenho sentido, o que realmente me representa.

Aqui vai uma livre edição do que recebi.

"Identifiquei na tua concepção de "viagem" uma relação com o mito de Jasão, conheces? Pode-se dizer que há duas concepções de viagem que são mais presente na nossa cultura: uma está relacionada ao arquétipo de Ulisses e a oura ao arquétipo de Jasão.
(...)
Jasão é o lider dos argonautas, faz o elogio da errância e do desenraizamento, ou seja, da abertura ao mundo. O que importa pra ele (e pra ti) é a viagem de ida, a imobilidade, o anonimato, o nomadismo (há dois tipos de nomadismo, o circular e o da flecha). Tuas viagens põem em xeque as certezas de pertenças a um só lugar. As pessoas que revivem o mito de Jasão precisam do movimento para poder viver.  
(...)
De certa forma, o que nós dois encontramos na viagem é a busca pela identidade ou a sua negação. Tanto em Ulisses quanto em Jasão, a viagem transforma, seja para reafirmar a identidade ou para negá-la e reconstruí-la. O mito da viagem, ou seja nossa motivação para ela, está no contato com a diferença, na busca de respostas para nossas próprias questões. Viajar é tornar-se outro, oportunizando a descida ao interior de si mesmo. O que importa não é a ida ou a chegada, mas a travessia..."

Hoje eu sinto muita saudade dos meus amigos e da minha família, do lugar em que nasci e do Rio Grande do Sul como um todo. Sinto lá no fundo do peito o quanto posso me sentir em casa cada vez que eu pisar lá.

Mas por outro lado, me sinto nômade, me sinto anônima, me sinto maravilhosamente desenraizada, pertencendo ao despertencimento, absolutamente aberta para o que a vida quiser me trazer... 

Aproveitando a descida ao interior de mim mesma, e me deliciando na travessia. O caminho, pra mim, é a felicidade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Viagem? Mudança!

São 10 meses de Rio de Janeiro. 10 meses e uma semana, exatamente. (Digamos que a semana passada foi outro portal, já que era Carnaval na Cidade Maravilhosa - aquilo que se parece a um limbo, quando a folia invade corações...)

E será que mudança for uma viagem?
E é a mudança de número 06. Sim, a sexta:
Laranjeiras - Flamengo - Flamengo - Santa Teresa - Flamengo - Bairro Peixoto/Copacabana. 
Não se perca nas contas! 
E, coincidências ou não - o Flamengo se repete tanto porque foi o bairro que mais gostei de morar, que mais me identifiquei, que mais me sinto em casa. Até voltar pra cá nessa última vez eu não sentia essa proximidade, essa vontade de ficar aqui, mas a vida me trouxe essa vinda provisória e garanto que usufruí muito lindamente desses 2 meses e meio.

Estou/estava tendo dificuldades em lidar com a saída do bairro...E por várias razões: adoro meus companheiros de casa (ô turminha harmônica essa!); tanto a Marques de Abrantes (end. oficial) como a Senador Vergueiro, são o charme do bairro; os botecos em cada esquina - centenários! -; a segurança pra voltar pra casa a pé da Praça São Salvador e, por quê não dizer?, a vizinhança. Bairro de musos... Otto morava na esquina! Prefiro pensar que ele se mudou pro Vidigal porque não poderia viver sem mim aqui... <3

Por outro lado, me sinto adaptada à cidade. Gosto e sempre gostei dos ares de metrópole, da sensação de ser anônima na multidão e, de no meio de tudo e de todos, encontrar algum olhar e algum sorriso perdido em um canto de boca... Saindo do Flamengo sinto que mais um ciclo terminou e que outro está vindo, fresquinho...uma fase de (re)começo, de esperança e de abertura pro novo. Digamos que sinto que tenho um encontro marcado, e que a hora dele acontecer está próxima.

Conquistei muitas coisas nesse tempo todo e, provei pra mim - e exclusivamente pra mim, em realidade - , que sou capaz de fazer absolutamente tudo que eu quiser, de ir em busca de cada um dos meus sonhos. Agora tenho um novo desafio, um novo passo: deixar que as coisas venham até mim. Ficar paradinha, esperando e desejando que tudo aquilo que eu preciso seja ofertado a mim pela existência, pelo universo. Como uma retribuição. Se me sinto triste por um lado, por outro a esperança renova meu coração e enche meu peito de novos e bons ares...

Planejando e executando, que é como gosto de fazer, algumas viagens se delineiam na minha cabeça. São Paulo e sua Virada Cultural são por puro merecimento que me dou de presente. E o São João no nordeste, no meu Pernambuco, tocando Maracatu... bom, daí a gente volta a falar em sonhos.