Dois dias inteiros aqui e acho que a burocracia tá tirando um pouco meu humor. Hoje foi difícil: bater com a cara na porta, ouvir respostas ríspidas por ter escapado um pouquinho do sistema (eu sei, eu sei que não tô com a razão!), caminhar, caminhar, caminhar no sol (com 31 graus no lombo!) e lidar com frustração. Pra quem tava acostumada a conhecer os meandros da cidade e da cultura carioca e resolvia 12 trabalhos hercúleos diariamente nos últimos tempos, parece que agora a porca tá torcendo o rabo. Mas enfim, as coisas vão andando e é preciso um pouco mais de paciência com o novo e consigo.
Ontem foi meu primeiro dia de aula no Doutoramento em Estudos Feministas.
<pausa para um grande suspiro>
Achei que ia ficar muito mais nervosa, mas nada que uma dor de barriga entrando no prédio não sinalizasse que, depois de correr pra estrear no banheiro, ia ficar tudo bem. Ao contrário daquela expectativa malévola que me corroía, eu não fiquei pra trás nas discussões, nem boiei durante nenhum debate.
Pelo contrário: o que aconteceu foi que me senti feliz pela minha escolha em ir atrás da minha formação e, acima de tudo, percebi que minha experiência no campo me tornou melhor e mais madura pra encarar os quatro anos de doutorado. Hoje eu verbalizei isso pro Daniel enquanto estávamos andando pelo Campus, já que precisei entregar documentos e pagar a mensalidade na UC.
![]() |
| Esse prédio é da Letras desde 1951 e a faculdade existe desde 1911. Tem um cheiro de coisa antiga, um mobiliário em madeira maravilhoso e tudo parece ter a idade que tem, mas com manutenção correta. |
A parte difícil de se ter aula em só um dia da semana é que são 10 horas direto. Entro as 10h e saio às 20h, com uma pausa de 1h pro almoço. Na primeira aula - Teorias e Epistemologias Feministas - a gente segura bem o nível do debate, propõe questões, conversa com as professoras e colegas.
![]() |
| R.U. (ou Cantina) com feijão é amor. E o melhor: Portugal tem uma comida que chama-se "Arroz de Feijão", que une as duas coisas mais deliciosas do mundo. |
Na segunda aula, depois do almoço, rola aquele esforço pra se manter acordada, mas como o tema das Mulheres, Raça e Etnicidades é muito interessante e a professora excelente, também dá pra se esbaldar. Mas na terceira, que vai entre 17h e 20h, por mais interessante que seja debater sobre Mulheres na História e por mais herege que seja minha professora (tanta história de arrepiar sobre a Igreja Católica...adoro!), nem ela, nem nós aguentamos.
Na hora de ir embora, algumas emoções relacionadas ao pôr-do-sol (que luzes, senhoras e senhores!), à não ter muita ideia de onde se está indo, a não saber o ponto de ônibus certo pra descer perto de casa, e a caminhar na rua deserta pelas 21h. Se fosse no Brasil, ou teria pedido pro Dani me encontrar, ou teria pego um taxi, ou teria corrido até chegar em casa. Mas aqui, a sensação de segurança e o fato de que não é um lugar em que acontecem assaltos, dá uma sensação de bastante dignidade.
![]() |
| Na descida pra pegar o ônibus no Lardo da Portagem, era tanta luz e tanta cor, que demorei ainda mais pra lá chegar. |
Seguimos, amanhã tem mais emoções e providências. :)






Nenhum comentário:
Postar um comentário