Virada Cultural, 2013. Como boa aquariana, decidi ano passado que nessa eu me faria presente. Passagem comprada, hospedagem garantida, programação estudada. Lá me fui eu pra São Paulo...que saudade de tamanha concretude (!)
A saudade da Thati já não tava cabendo em mim, e queria há muito saber como é o dia a dia da minha pequena naquela cidade gigante. Se o Rio já me parece tão maior que Porto Alegre, SP cabe uns quantos RJs dentro... Apesar de alguns percalços pelo caminho cotidiano, ela me garantiu que minha presença ali deu 'mais coragem pra continuar'. Quer presente melhor do que ler isso, depois de uma despretenciosa e merecida viagem de reencontro?
O que mais gosto nas viagens que faço é justamente conhecer a vida daquela pessoa que me hospeda, os lugares que frequenta, as amizades, afetos e amores que a rodeiam. E quando é amiga de muitos anos, a % da gente gostar da rotina alheia também multiplica.
Primeira parada: Praça Roosevelt. Famoso cantinho dos artistas de teatro, da galerinha jovem e um tanto blasé. E com a cerveja honesta, gelada e um legítimo espetinho de quem sabe assar...fora o milho verde no pratinho!! Sim, cortado no pratinho, saído da panela quente. Que luxo!
Arrastando pela Rua Augusta, vejo a mistura da Metrópole. Travestis, botecos, pubs, gente moderna, figuras estraínhissimas - e dessas pessoas eu guardo na fotografia da retina, como tantas imagens que vi por aí... - e bar de samba-rock. Ok, ponto pra você SP, por novamente me fazer matar a saudade.
Confesso a impressão que tive chegando lá, e que seguiu por esses quatro dias: ô povinho bem educado!! Educação gera Gentileza...Aprende com Sampa, Rio. Ui, pronto, falei!
Ansiando pela Virada, ainda deu tempo de filosofar, conhecer o Brás e comprar compulsivamente (mas não inconscientemente), andar mais de metrô, e ver uma linda e sensível peça sobre o Mal de Alzheimer. Foi na sexta, 17 de maio, aniversário da minha finada vó, que morreu justamente dessa doença. Mas disso eu só lembrei agora.
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| "Persistência da Memória", com iluminação de Thatiana Moraes. |
Fiquei muito orgulhosa de ver o trabalho da Thati, a criação dela enquanto iluminadora, o desenho de luz que fez e o tipo de operação que faz durante a peça. Até fui agraciada com uma parte do texto, com a atriz sentada na minha frente...Como boa espectadora, fui as lágrimas. Brindamos, ao final, com vinho.
Para seguirmos nos brindes, reencontro de amiga mãe de família: Elisa + Pelotas = Antonia. Que delícia conhecer por dentro, de perto, aquilo que a gente imagina que seja a vida real das pessoas. Pessoas jovens, como eu, que têm filhos e moram juntas. Mais filosofia, regada à Baco, sobre nossa missão e pertencimento no mundo, muitas lembranças daquela década em que nos conhecemos e ver o dia nascendo do alto do prédio. Em um dos dias mais frios do ano na terra da garoa. Ê Presente!
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| A única foto antes da bateria acabar. :P |
E chega, então, o grande momento: a Virada Cultural!
Lobão, luta livre, stand up, chorinho no coreto, Gal (ou quase, depois de ter minhas costelas esmagadas pelo grande público), Luis Caldas... Embora eu tivesse feito uma programação anterior, não conhecer a cidade, não ter ideia de como funciona o Centro de SP, fez com que tudo fosse mais demorado, cansativo e disperso.
Mas não ia me faltar energia pro momento mais esperado da Virada: ver Afrobombas no Sesc Consolação. Arrastei Thati e adjacências pra dentro, e curtimos cerca de 1h de Jorge du Peixe e cia com aquele sotaque gostoso da porra, cantando as músicas que há meses embalam minhas tardes de trabalho e as manhãs ensolaradas da cidade maravilhosa. Quando olho pras coisas que fiz e tenho feito por mim, me sinto em total consonância de energia com o mundo, e acho mesmo que tô indo pelo caminho certo, porque vou te contar: a gratidão de ser quem eu sou e de estar onde estou no momento, é imensa!
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A parte ruim foi perder o show de Siba, que começou na hora (Afrobombas começou com 40 minutos de atraso!) e fomos impedidas de entrar pelo segurança, pois já estava com lotação máxima. :( Perdas a parte, não me queixo. Apenas entendi que verei Siba em outro momento, e que há de ser mais legal ainda.
Confesso que domingo caí em combate e levantei no início da tarde pra conhecer a Feira da Liberdade, e matar minha vontade de sushi. Caminhando até a 25 de Março (pena que investi nesse palco só no finalzinho) pra ver show de CéU (musa inspiradora!) e do galego mais doido de todo Pernambuco. Otto quase que não chega, entra indignado no palco depois de arranjar encrenca com a produção e, segundo ele mesmo: "de virada também". Eita porra! Tudo do jeitinho que eu queria.
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| CéU tocando no palco que eu descobri tarde e logo depois, Otto. |
Retornando pra casa, ainda deu tempo de encontrar Raisa, a outra moradora e amiga que conheci no ano novo aqui no RJ. Papo bom, cerveja gelada e cia...mas o cansaço beirava a exaustão. Acordei com Thati deitando do meu lado e dormindo junto de madrugada, quando ainda conseguimos trocar algumas frases e mais um pouco de afeto. Despertei cedinho, com a sensação de dever cumprido, bateria recarregada, abraços de despedida e muitas trocas do amor que eu descobri que existe sim em SP...
Ah, e a partida do título? Alô Bsb, niemeyer, cerrado e capital federal: até sexta! Trabalho como eu gosto, aniversário de grande amiga, rever amores e afetos, e mais Otto pra embalar o domingo seguinte... Feliz!