O último dia de viagem normalmente é aquele destinado a fazer tudo o que não se fez até então. Seja isso comprar presentes, as bugigangas esquecidas, ou aquilo que se está pensando se compra ou não até o final da viagem. Pois é, em parte foi isso. Mas só em parte...
Depois de ter marcado no corpo pra sempre minha paixão pelo tango (sim, tatoo nova!!), foi andando na rua que pude comprovar que meu mais novo riscado nunca seria motivo de arrependimento. Não mais que de repente, olhando pra cima, há duas quadras de casa, me deparo com a seguinte imagem:
Que dúvida! Fui direto tocar el timbre. Desce Oscar Fisher, um dos três únicos luthier de bandoneóns de Buenos Aires... Ao entrar no lugar, nem acredito...era a oficina dele!
Não, a gente não sabia que ele era tão conhecido, que tinha saído na capa da Folha de São Paulo, que trabalhava pra tantas orquestras na Argentina e no mundo...
A história, tanto do bandoneón, como do êxodo do instrumento do país para as prateleiras de europeus e asiáticos, além do projeto que Oscar apresentou à Câmara dos Deputados na tentativa de deter a saída do instrumento em larga escala, provocando escassez no país, podem ser conferidas aqui e aqui. Mais informações no próprio site de Oscar. Quer ver ele falar? Aqui.
Como se não bastasse minha emoção de estar naquele santuário, conto pra ele da tatuagem. Ele olha, afirma que tenho um "jovem bandoneón" em alemão (desculpem a falta de conhecimento em alemão - a Dinha depois me atualiza a esse respeito!). "Jovem, como vos", e termina a sentença perguntando se eu já tinha tocado um bandoneón. "Não". "Então coloca a perna aqui que vou te dar um pra tocar.". Obedeço, é claro.
| Em completo êxtase, com lágrimas nos olhos e coração a mil... |
Saímos de lá no céu, com a plena certeza que não estamos nesse mundo à toa e que não temos nenhum controle das coisas que acontecem conosco quando nos entregamos para a vida... Obrigada, mais uma vez.
Para encerrar a viagem com chave de ouro, além da Orquestra Típica - de puro guapos! - Fernandez Fierro no sábado a noite, descobrimos show grátis do Fito Paez na cidade de Tigre, província de Buenos Aires, em plena estação de trens.
Me pergunto: como posso querer viver em outro lugar?
Performance melhor que impecável, amor maior do que pela camiseta da seleção, todas as músicas que eu queria ouvir, muitas pessoas diferentes daquelas da Capital Federal, trem de ida, trem de volta. Que noite de sábado!
Pra encerrar, os últimos 30 segundos que conseguimos assistir da OTFF e as lembranças, danças e risadas no Clube Atlético Fernandes Fierro valeram cada segundo da correria - no temporal, inclusive! - e cada centavo investido...
A melancolia parecia fazer parte do dia de domingo, a vontade era de ficar. A manhã, a tarde e a noite anteriores tinham sido demais! E na sexta, nossa despedida da Catedral e o melhor aniversário da Claudinha, do mundo mundial...
Essa inacreditável e deliciosa viagem está gravada pra sempre no meu coração, na minha pele, na minha alma. A viagem das risadas, das comidas, das milongas. Das melhores companhias, das situações inusitadas, dos agradecimentos ao diretor, das danças de Krishna...
| "- Monstro.. bzzz!!!" "- Chega vovó, eu sei que é você!" "- Monstrooooo..." |
Bueno, amig@s leitores! Essa viagem - e só essa! - termina por aqui. Aproveito para informar que cada vez que eu tiver uma lembrança de alguma viagem das que venho fazendo, isso pode se tornar um post aqui. Se não interessar pra vocês, pelo menos mata a sede que tenho de falar sobre os lugares que conheci, as pessoas, as culturas. A sede de ver o mundo, de me deleitar com tudo aquilo que parece comum aos olhos acostumados da população de um lugar. Essa sou eu aqui, e é meu coração quem fala aqui.
Obrigada Bianca, obrigada Claudinha. Gian, Kika, Fito e tantos outr@s que cruzaram nosso caminho: obrigada a vocês ambém.
Obrigada, Diretor!
E que Krishna siga dançando...
A seguir, cenas dos próximos capítulos:
Besos y hasta la vista...























