segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

¿El último bandoneón?

O último dia de viagem normalmente é aquele destinado a fazer tudo o que não se fez até então. Seja isso comprar presentes, as bugigangas esquecidas, ou aquilo que se está pensando se compra ou não até o final da viagem. Pois é, em parte foi isso. Mas só em parte...
Depois de ter marcado no corpo pra sempre minha paixão pelo tango (sim, tatoo nova!!), foi andando na rua que pude comprovar que meu mais novo riscado nunca seria motivo de arrependimento. Não mais que de repente, olhando pra cima, há duas quadras de casa, me deparo com a seguinte imagem:


Que dúvida! Fui direto tocar el timbre. Desce Oscar Fisher, um dos três únicos luthier de bandoneóns de Buenos Aires... Ao entrar no lugar, nem acredito...era a oficina dele!
Não, a gente não sabia que ele era tão conhecido, que tinha saído na capa da Folha de São Paulo, que trabalhava pra tantas orquestras na Argentina e no mundo...

A história, tanto do bandoneón, como do êxodo do instrumento do país para as prateleiras de europeus e asiáticos, além do projeto que Oscar apresentou à Câmara dos Deputados na tentativa de deter a saída do instrumento em larga escala, provocando escassez no país, podem ser conferidas aqui e aqui. Mais informações no próprio site de Oscar. Quer ver ele falar? Aqui.

Como se não bastasse minha emoção de estar naquele santuário, conto pra ele da tatuagem. Ele olha, afirma que tenho um "jovem bandoneón" em alemão (desculpem a falta de conhecimento em alemão - a Dinha depois me atualiza a esse respeito!). "Jovem, como vos", e termina a sentença perguntando se eu já tinha tocado um bandoneón. "Não". "Então coloca a perna aqui que vou te dar um pra tocar.". Obedeço, é claro.



Em completo êxtase, com lágrimas nos olhos e coração a mil...
Saímos de lá no céu, com a plena certeza que não estamos nesse mundo à toa e que não temos nenhum controle das coisas que acontecem conosco quando nos entregamos para a vida... Obrigada, mais uma vez.

Para encerrar a viagem com chave de ouro, além da Orquestra Típica - de puro guapos! - Fernandez Fierro no sábado a noite, descobrimos show grátis do Fito Paez na cidade de Tigre, província de Buenos Aires, em plena estação de trens.

Me pergunto: como posso querer viver em outro lugar?

Performance melhor que impecável, amor maior do que pela camiseta da seleção, todas as músicas que eu queria ouvir, muitas pessoas diferentes daquelas da Capital Federal, trem de ida, trem de volta. Que noite de sábado!

Pra encerrar, os últimos 30 segundos que conseguimos assistir da OTFF e as lembranças, danças e risadas no Clube Atlético Fernandes Fierro valeram cada segundo da correria - no temporal, inclusive! - e cada centavo investido...

A melancolia parecia fazer parte do dia de domingo, a vontade era de ficar. A manhã, a tarde e a noite anteriores tinham sido demais! E na sexta, nossa despedida da Catedral e o melhor aniversário da Claudinha, do mundo mundial...

Essa inacreditável e deliciosa viagem está gravada pra sempre no meu coração, na minha pele, na minha alma. A viagem das risadas, das comidas, das milongas. Das melhores companhias, das situações inusitadas, dos agradecimentos ao diretor, das danças de Krishna...

"- Monstro.. bzzz!!!"
"- Chega vovó, eu sei que é você!"
"- Monstrooooo..."
Bueno, amig@s leitores! Essa viagem - e só essa! - termina por aqui. Aproveito para informar que cada vez que eu tiver uma lembrança de alguma viagem das que venho fazendo, isso pode se tornar um post aqui. Se não interessar pra vocês, pelo menos mata a sede que tenho de falar sobre os lugares que conheci, as pessoas, as culturas. A sede de ver o mundo, de me deleitar com tudo aquilo que parece comum aos olhos acostumados da população de um lugar. Essa sou eu aqui, e é meu coração quem fala aqui.

Obrigada Bianca, obrigada Claudinha. Gian, Kika, Fito e tantos outr@s que cruzaram nosso caminho: obrigada a vocês ambém.

Obrigada, Diretor!
E que Krishna siga dançando...

A seguir, cenas dos próximos capítulos:


Besos y hasta la vista...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A vida é real e de viés

Eu estava sentindo falta dos casais dançando tango nas ruas, das performances dos artistas locais e das imagens que me imprimiram a sensação de conhecer Buenos Aires. Mas quanto mais a gente insiste em andar pelos caminhos que nos dizem alguma coisa, mais surpresas acontecem. Re-ver paisagens que surpreendemente parecem intocadas após 5 anos da minha primeira aparição nas terras porteñas, e viver essas sensações com outras pessoas me alimenta todos os dias.



A poesia colorida de uma cidade cosmopolita e provinciana, cheia de vida e rellena da melancolia expressa nas letras de tango e no frio inverno de suas ruas...

Uma terra de sonhos, de imaginações infantis, de brinquedos que não existem mais em grandes metrópoles. Buenos Aires, para mim e para muitos argentinos, é o lugar onde se pára para viver: onde se escuta, onde se conversa - son tantas charlas, tantos chamuches... -, onde se faz um ritual da refeição (con los servícios, el plato principal y el postre). É uma terra de muitos sabores, de muitos entendimentos e de preenchimentos.
Mas só pra quem sabe viver o cotidiano.

É a terra de quem ama, de quem valoriza seus artistas.


De quem preserva algumas coisas e destrói outras. Isso é tão contraditório quando se olha mais detidamente os lugares nos quais o olho do habitante já está acostumado...


Já se escutou sobre as cores de Almodóvar, as cores de Frida Kahlo numa Calcanhoto que anda pelo mundo prestando atenção nas cores que não sabe o nome... Embora eu não saiba os nomes das cores da sonora e visual Buenos Aires, faço questão de retratá-las, guardando a atmosfera presente no momento em que passei por lá...

A mi me gusta mesclarme con ellas...


Mas também há o outro lado da Buenos Aires, aquele em que a resistência a conhecer, a fazer parte, se termina por uma ironia do destino, por um golpe de sorte, pelo encontro com as pessoas que te gustarían propiciar eso:

Que tal comemorar o aniversário em grande estilo?
A viagem seguia cheia de surpresas e aventuras, mas algumas coisas planejadas também dão certo! O niver da Dinha começou em grande estilo e elegância (afinal de contas, quem dava as dicas de elegância, maquiagem e etiqueta??? A-D-O-R-O amigas refinadas...). Mas tinha que ter gente legal e parabéns, né?

Comprovando a tese de que a vida é doce... de leche!
Que los cumpla feliz, Claudinha!

Seguindo o protocolo... hasta Sanata Bar e después a La Catedral del Tango para continuar a celebração na última sexta-feira da viagem...

Mas espera um pouco...


Como assim? Fito Paez de graça, no Tigre???

Ah não... o post do melhor último dia de viagem da história tem que ser exclusivo... Notícias acima.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

'Estamos viviendo cosas nuevas' (ou as pérolas de Madhu...)

A cada dia que passa me sinto mais em casa. Eu sei que eu já disse isso, mas voltando pra casa hoje de manhã, sozinha no metrô ouvi: "Próxima Parada: Avenida de Mayo". Ali meu coração parou. Senti voltando pra casa.

Claro que estar de férias aqui, com as melhores amigas do 'mundo mundial' é sensacional e conta muito para esse estado de semi-catatonia, mas me pego imaginando como seria meu cotidiano nessa cidade de tantos amores. As desvantagens daqui são largamente ultrapassadas por tanta belleza, tanta poesia, tanto movimento e tanta contemplação...

Piazzola e sua melancolia no bandoneon...


Nossas fotos já são bem menos frequentes, os passeios turísticos quase não nos atraem, e assim as surpresas vão aparecendo... Grandes amigos, muitas caminhadas noturnas, milongas, clases, mais risadas...

O prazer de conhecer La Bomba del Tiempo en la Ciudad Cultural Konex...
Finalmente, pela primeira vez na minha vida, música eletrônica fez sentido... conhecer a gênese do tunts-tunt!!! Como é bom estar numa metrópole!


É incrível ser recebida por excelentes guias de viagens, mas é melhor ainda apresentar lugares que nem eles conhecem...indicações atrás de indicações de amigos...Puerta Roja, Milonga Andariega, El Afronte...

Turismo lado B. Quem sabe eu ainda não trabalho com isso?

Dentre as pérolas citadas no título, tem o "abraço de urso", representado abaixo.






O mais usado de todos: "te amaria facilmente esa noche"... ou ainda:






Bueno, de Ray Charles a Piazzola, de Lhasa de Sela a Norah Jones, beijos desde uma viagem musical.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

"Não peça o que deve ser oferecido a você"

Ou seriam "as meninas do Sex and the City carioca"?

Assim como os efeitos do sol são cumulativos, os da buena onda também...
As coisas acontecem tão rápido que nem dá tempo de absorver o impacto. Depois quando a poeira baixar vai dar uma sensação de dever cumprido, de saber viver ou mesmo da certeza da escolha.


Mas é no RJ ou em Bs As?


Na noite de ontem fomos brindadas com surpresas que só são possíveis quando se está lejos de donde se viene, quando se permite que as coisas aconteçam e, principalmente, quando não se necessita pedir mais nada e toda pequena alegria se transforma em grande recompensa... 

La Catedral del Tango...Sarmiento 4006, Almagro - Buenos Aires. Mucho gusto.



No filme El Ultimo Bandoneon, retrata-se um pouco a atmosfera inacreditável do lugar. Eu fui alguns pares de vezes, e penso que poderia ir em muitas mais. Levar as meninas até lá foi poder compartilhar o indizível, o inacreditável, a atmosfera de um sonho. É um lugar em que só se imagina em algum sonho surreal: obras de arte, pinturas, poeira, artistas da cena underground, mistura de estilos - folklórico, flamenco, jazz -, de etnias, de nacionalidades... Um templo, um santuário, um paraíso...



Mesmo a forma de abordagem e de dançar tango é diferente lá. Não é uma milonga comum...
Pode ter sido também o efeito das três Quilmes (brasileiras bebem!), mas a partir do momento que nos lembramos que as coisas não se pedem, mas acontecem quando a gente se cuida e elas são oferecidas. E então tudo passa a fluir a maior contento.

Não pode ser coincidência conhecer as pessoas que conhecemos, tampouco ver as performances que vimos.

Tango + jazz?
Tango + folclore?
Tango + flamenco?

Sim, tudo ali... junto com a gente.



Ao som de Raulzito diretamente do salão do vizinho...câmbio, nos vamos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sentir-se em casa.

Às vezes a gente se identifica com as coisas. E ainda mais com lugares.
Eu tenho dentro de mim a vontade de conhecer lugares, pessoas, culturas. Como eu já disse, estou na profissão certa.. (Ufa!)

Pois aqui em Buenos Aires eu simplesmente me sinto em casa, à vontade com tudo: as construções, as ruas, a poluição (sim!?), as pessoas passando pelas ruas, os olhares, as vozes que escuto, a preservação dos espaços, a magnitude que as pessoas julgam ser argentino. ¡Todo eso me encanta!

Não tenho aquela sensação de insegurança tão comum na cidade de onde vim, e, principalmente, não quero voltar a tê-la.

Por mais que eu viaje, sempre procuro algo que seja meu "lar" onde quer que eu conheça. Sempre encontrei isso em Buenos Aires, por isso não me canso de planejar viagens pra cá. Recife e Rio também significam o mesmo pra mim.

Coisas novas, incríveis, preenchedoras.

E é tão bom quando as pessoas que estão por perto compartilham o que se sente: os sonhos, as visões, as caminhadas, o lado bom, leve e feliz da vida... E o melhor: as risadas, risadas, risadas!


Mas a vida não é só festa!Quando a gente tem que estudar, estuda mesmo...





E pra recuperar as forças...


A cada esquina uma surpresa, a cada passo uma certeza de que são tempestades aquelas que nos atropelam e de que o florescer da primavera é sempre mais bonito depois que elas se vão. Porque as flores fazem mais sentido em estarem presentes e não temos como acelerar sua chegada. Porque a paz que sinto dentro de mim só foi possível depois dos infernos que vivi. Ambos são importantes para mostrar meus dois lados, meu amor e minha mágoa, meu bom e meu ruim. Meu eu.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Buenos Aires acompañada é ainda melhor...

Se @s amig@s existem pra lembrar quem somos, ou se amamos neles aquilo que é nosso espelho, posso dizer que estou muito bem...Cada momento que podemos usufruir da companhia é de ouro, seja pelas risadas, pelas ideias mirabolantes, pelas acordos ou pelos distintos pontos de vista.


As duas melhores parceiras de viagens estão comigo nesse momento, e são a prova de que quando se está bem a energia flui a contento. Desde carona até a casa que estamos, o brinde inicial ou mesmo uma simples caminhada por uma noite estrelada viram momentos pra lá de "specials", parafraseando a Claudinha.



Janta vegetariana, vinho, música, risadas, vinho, fotos, bate papo sobre Krishna e Osho, vinho, caminhada pra comprar mais vinho, eu virando instrutora de tango na praça e mais vinho. Volta pra casa mais ou menos no clima de sermos anjos de uma asa só que precisam abraçar pra seguir andando...

Foi então que na recuperação de tanto vinho, nos fuimos hasta Malba - o Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires... Sim! É tudo o que dizem e muito mais. Oh! Porto Alegre! Você ainda tem tanto pra aprender nesse quesito...

Entrando lá, já sabia o que me esperava, e chegava a sentir borboletas na barriga sabendo o que eu ia ver.
Passeio rápido no térreo e direto no primeiro andar para ver o espaço destinado à pintora/es da Latinoamerica do século XX. E lá estava ela: Friducha!!! O auto retrato com macaco e papagaio!

Eu não precisava ir a mais nenhum lugar dentro do museu. Pintura impecável, bem vibrante, mexicana.
Não sei por quanto tempo eu parei na frente, e só conseguia sentir as batidas do meu coração. Era mais um sonho realizado! Me transportei ao México, quis conhecer a casa em que viveu, as estampas, as cores, sentir ela ainda mais perto. Foi como se tudo parasse. Tenho a impressão de que poderia morar ali em frente aquele quadro. Fiquei olhando pra ela, e ela pra mim... De resto, só consigo sentir.

Ademais, havia Diego Rivera (mais México!), Di Cavalcante, Bottero e sua família de gordinhos e Tarsila do Amaral, pro coração brasileiro se sentir em casa...
 Mas não parava por aí. Tivemos o grande prazer de conhecer a polêmica artista plástica: Marta Menujín...Incrível! A trajetória dela exposta em dois andares do museu. Das obras que ela mesma não havia destruído até fotos e reportagens com a repercussão de seus happenings... (Mais sobre: http://www.martaminujin.com/portal/). O Pantheon construído com os livros proibidos pela ditadura, o Carlos Gardel incendiado em Medellín, a Bienal em São Paulo...Foda!

E a casa de colchões?
Vem junto nessa brincadeira! Saia do sério, solte o freio!


Como ainda era cedo, dava tempo de dar essa banda na Recoleta! Sim!


Parques? Centros Culturais? Iglesias? Avenidas?
Opções, possibilidades, escolhas.


Quem sabe um abraço de urso?


Ou quem sabe um approach no mestre Piazzolla?
"Ei, conta pra ele o quanto a música dele significa pra ti...ou a homenagem que tu vai fazer pra ele dentro de alguns dias.."



Não! Não é só isso!
Vamos pular?????  Se não der certo, a gente ri do que aconteceu!

Pois é...
Se a felicidade é um estado de espírito, definitivamente somos responsáveis por ela. Seja escolhendo perto de quem estaremos ou o que faremos com nossos dias, se o estado meditativo também se alcança assim, acho que estou iluminada.

Obrigada, é só o que posso dizer. A existência, a nós, a elas, a mim.

E Krishna dançou pra nós...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Instrucciones para no morir de amor en Buenos Aires...(ou vou certa, de estar no caminho desperta!)

1a Escute seu coração. Ele SEMPRE vai saber para onde você deve ir.

2a Lembre-se das suas escolhas. Se você optou por alguma coisa, é pq tinha seu coração nisso. Vide primeira instrução.


3a Escute muitas vezes todas as músicas que você ouviu quando se sentiu livre. Elas ajudam a lembrar de quem você é.

Música que lembra quem você é

4a Cerque-se de AMIG@S, não interessa a distância que estejam de você.
IMPORTANTE: essa é a única instrução que pode substituir todas as outras, mas friso que só se for em caso extremo.



5a Saia andando pelas ruas e olhando as pessoas. Preste atenção na forma como elas falam, como procuram se expressar e o que querem dizer. Você aprende muito com isso.
"Imaginan la vida sin música. Tip for the band. Colaboración para los músicos. Gracias."

6a Preste atenção no ritmo na cidade. No barulho dos ônibus, na forma como se oferece mercadorias, no que as pessoas compram. Veja quais são as necessidades que pensam ter.
Ay como el agua...
7a Lembre-se o que fez com que você viesse para Buenos Aires.

8a Permita-se alguns momentos de melancolia. Então, sinta-se feliz de novo.
El afronte

9a Banhos de banheira sempre ajudam! :)

10a Sinta-se bem por ser você. Não se culpe, não se machuque e aprenda que a vida deve fluir.


 Dica extra: A arquitetura e o design aqui são duas coisas que fazem a vida valer a pena. Enjoy it!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A sensação de não estar em terra estrangeira...


Haja disciplina para ficar em casa, escrever o projeto e cozinhar, sabendo que afuera de la puerta hay una ciudad entera que te espera...

Depois de um dia inteiro en el departamento, mantendo contato virtual com brasileir@s, com a música da terrinha na vitrola e com a escrita e as leituras em português, ainda me encontrei com dois brasileiros para continuar a jornada e tomar um mate, tchê! Gian (meu melhor anfitrião até agora) e Júlia, gaúchos que dominarão Bs As! – Ou pelo manterão vivas as tradições gaudérias na terra de Gardel...
'Desastiamento' da bandeira em plea 9 de julio - Ponto central da Capital Federal.


Depois uma cervejinha com empanada (amo!) na Sarmiento e um chop em um dos hostels mais bonitos que já entrei, sigo en el autobus diretamente para a Milonga en Cochabamba 444 (créditos à indicação do Lisandro e do Joãozinho...). Havia muitos casais e o lugar era bem turístico.
Me dio ganas de irme a lugar con aires más locais... Amanhã La Catedral del Tango promete!

Cochabamba 444
 
Mas quero viajar sobre a convivência consigo mesmo. É meu segundo dia inteiro em terra estrangeira, e é como se o apartamento já fosse há tempo minha morada. Como se os gatos do pátio fossem meus, como se a vizinhança já me conhecesse. É impressionante como sabemos nos agradar quando nossa proposta é fazer isso. Acredito que aprendi a escrever a palavra aconchego...

Minha morada...


Uma das coisas que mais me agrada em ver e sentir é a garra argentina. Falo em termos de política. Hay stencils em muitas paredes com poemas, desenhos, protestos... É um excelente uso do espaço urbano, daria mesmo um belo estudo...

 
E por falar em política, quero dizer o quanto me impressiona a solicitude mútua de los varones argentinos, bem como a violência com que agem contra as mulheres. Aqui é quase uma ofensa se proclamar brasileira. O que há de moderno aqui, também há de retrógrado, conservador no modo como as pessoas lidam com valores e relações de gênero. (Sim, sempre elas! Ainda mais em tempos de estudos e escrita do projeto...)
Confesso que depois do taxista e do machismo porteños me quedé un poco entristecida, como em qualquer lugar do mundo me quedaría. 

Por outro lado, continuo na companhia de pessoas incríveis. Todos os dias cruzo com um número incontável delas e conheço algumas tantas da mesma maneira. E aqui os habitantes tem a sorte - arcedito que saibam disso! - de terem nascido embalados por um dos ritmos mais sensuais e encantadores do mundo...

Estar em uma metrópole é fazer parte de um formigueiro, mas é também ter múltiplas possibilidades de se fazer o que quiser e de buscar sua própria verdade em meio a milhões de pessoas. É ser cidadã(o) de direitos, mas também anônim@, como um grão de areia, uma peça de uma engrenagem...Para mim é essa a beleza do mundo: a diversidade, a cultura local, o funcionamento de uma sociedade... talvez eu tenha mesmo escolhido a profissão certa...

 Desde a Capital Federal Argentina, pensando, escrevendo, lendo e sentindo em português, mando um abraço pros convivas... Câmbio e desligo!