sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A sensação de não estar em terra estrangeira...


Haja disciplina para ficar em casa, escrever o projeto e cozinhar, sabendo que afuera de la puerta hay una ciudad entera que te espera...

Depois de um dia inteiro en el departamento, mantendo contato virtual com brasileir@s, com a música da terrinha na vitrola e com a escrita e as leituras em português, ainda me encontrei com dois brasileiros para continuar a jornada e tomar um mate, tchê! Gian (meu melhor anfitrião até agora) e Júlia, gaúchos que dominarão Bs As! – Ou pelo manterão vivas as tradições gaudérias na terra de Gardel...
'Desastiamento' da bandeira em plea 9 de julio - Ponto central da Capital Federal.


Depois uma cervejinha com empanada (amo!) na Sarmiento e um chop em um dos hostels mais bonitos que já entrei, sigo en el autobus diretamente para a Milonga en Cochabamba 444 (créditos à indicação do Lisandro e do Joãozinho...). Havia muitos casais e o lugar era bem turístico.
Me dio ganas de irme a lugar con aires más locais... Amanhã La Catedral del Tango promete!

Cochabamba 444
 
Mas quero viajar sobre a convivência consigo mesmo. É meu segundo dia inteiro em terra estrangeira, e é como se o apartamento já fosse há tempo minha morada. Como se os gatos do pátio fossem meus, como se a vizinhança já me conhecesse. É impressionante como sabemos nos agradar quando nossa proposta é fazer isso. Acredito que aprendi a escrever a palavra aconchego...

Minha morada...


Uma das coisas que mais me agrada em ver e sentir é a garra argentina. Falo em termos de política. Hay stencils em muitas paredes com poemas, desenhos, protestos... É um excelente uso do espaço urbano, daria mesmo um belo estudo...

 
E por falar em política, quero dizer o quanto me impressiona a solicitude mútua de los varones argentinos, bem como a violência com que agem contra as mulheres. Aqui é quase uma ofensa se proclamar brasileira. O que há de moderno aqui, também há de retrógrado, conservador no modo como as pessoas lidam com valores e relações de gênero. (Sim, sempre elas! Ainda mais em tempos de estudos e escrita do projeto...)
Confesso que depois do taxista e do machismo porteños me quedé un poco entristecida, como em qualquer lugar do mundo me quedaría. 

Por outro lado, continuo na companhia de pessoas incríveis. Todos os dias cruzo com um número incontável delas e conheço algumas tantas da mesma maneira. E aqui os habitantes tem a sorte - arcedito que saibam disso! - de terem nascido embalados por um dos ritmos mais sensuais e encantadores do mundo...

Estar em uma metrópole é fazer parte de um formigueiro, mas é também ter múltiplas possibilidades de se fazer o que quiser e de buscar sua própria verdade em meio a milhões de pessoas. É ser cidadã(o) de direitos, mas também anônim@, como um grão de areia, uma peça de uma engrenagem...Para mim é essa a beleza do mundo: a diversidade, a cultura local, o funcionamento de uma sociedade... talvez eu tenha mesmo escolhido a profissão certa...

 Desde a Capital Federal Argentina, pensando, escrevendo, lendo e sentindo em português, mando um abraço pros convivas... Câmbio e desligo!

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